No sábado, 27 de setembro, reunido no ISERJ, o plenário do IX Seminário
Internacional de Lutas contra o Neoliberalismo aprovou a seguinte
declaração:
Depois dos grandes movimentos antineoliberais, antiglobalização e
anti-capitalistas da primeira década do século XXI, o que podemos
observar no cenário da luta de classes internacional nos últimos anos?
As últimas décadas do século XX foram testemunhas da defesa enfática
de duas teses: o fim da classe operária e o fim do socialismo.
Sem dúvida a recomposição do aparelho produtivo do capitalismo,
iniciada no pós-Segunda Mundial, alterou significativamente o perfil da
classe operária. O aumento da composição orgânica do capital, com o
crescente aporte de capital constante (máquinas, equipamentos,
matéria-prima) em detrimento do capital variável (força de trabalho) tem
diminuído o emprego formal, criado formas diversas de informalidade e
aumentado o chamado setor de serviços. Assim aumentou em termos
absolutos a classe operária ativa e empregada e também
significativamente o número de desempregados.
A classe operária aumenta em termos absolutos, no entanto, há um
processo de erosão do paradigma de mensuração do valor, na medida em que
o tempo socialmente necessário à produção de bens cede lugar ao tempo
livre como parâmetro para aferir riqueza. Previsões apontam para daqui a
cem anos a necessidade de apenas ¼ da força de trabalho mundial na
produção de todos os bens necessários.
O fenômeno de substituição do trabalho vivo pelo trabalho morto
estendido à produção rural leva praticamente à extinção do campesinato e
a diminuição crescente do proletário agrícola.
A tese do fim do socialismo se amparou nos problemas que levaram à
desagregação da União Soviética e o fim do sistema socialista no Leste
Europeu. A resistência de nações como China, República Democrática e
Popular da Coreia, Vietnã e Cuba, somadas às experiências que apontam
para o socialismo na Venezuela, Bolívia e outras, e o recente papel da
Rússia como contraponto ao imperialismo sinalizam por si as dificuldades
de sustentação dessa tese. O socialismo vivo nessas experiências, no
entanto, não foi suficiente para conter posições recuadas e reformistas
que se fortaleceram nos últimos anos nas direções sindicais e de
partidos políticos considerados de esquerda.
As amplas movimentações sociais da primeira década do século XXI ocuparam o lugar da classe operária, desarticulada em razão de seu novo perfil e dos problemas resultantes da condução reformista predominante. A falta de definição quanto aos objetivos acabou extenuando o potencial de luta desses movimentos, todos desaguando no Fórum Social Mundial, que aos poucos perdeu influência.
As amplas movimentações sociais da primeira década do século XXI ocuparam o lugar da classe operária, desarticulada em razão de seu novo perfil e dos problemas resultantes da condução reformista predominante. A falta de definição quanto aos objetivos acabou extenuando o potencial de luta desses movimentos, todos desaguando no Fórum Social Mundial, que aos poucos perdeu influência.
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