quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Declaração IX Seminário Internacional de Lutas contra o Neoliberalismo

No sábado, 27 de setembro, reunido no ISERJ, o plenário do IX Seminário Internacional de Lutas contra o Neoliberalismo aprovou a seguinte declaração: 
 
 Depois dos grandes movimentos antineoliberais, antiglobalização e anti-capitalistas da primeira década do século XXI, o que podemos observar no cenário da luta de classes internacional nos últimos anos?
  As últimas décadas do século XX foram testemunhas da defesa enfática de duas teses: o fim da classe operária e o fim do socialismo.
Sem dúvida a recomposição do aparelho produtivo do capitalismo, iniciada no pós-Segunda Mundial, alterou significativamente o perfil da classe operária. O aumento da composição orgânica do capital, com o crescente aporte de capital constante (máquinas, equipamentos, matéria-prima) em detrimento do capital variável (força de trabalho) tem diminuído o emprego formal,  criado formas diversas de informalidade e aumentado o chamado setor de serviços. Assim  aumentou em termos absolutos  a classe operária ativa e empregada e também significativamente o número de desempregados.
  A classe operária aumenta em termos absolutos, no entanto, há um processo de erosão do paradigma de mensuração do valor, na medida em que o tempo socialmente necessário à produção de bens  cede lugar ao tempo livre como parâmetro para aferir riqueza.  Previsões apontam para daqui a cem anos a necessidade de apenas ¼ da força de trabalho mundial  na produção de todos os bens necessários.
  O fenômeno de substituição do trabalho vivo pelo trabalho morto estendido à produção rural leva praticamente à extinção do campesinato e a diminuição crescente do proletário agrícola.
   A tese do fim do socialismo se amparou nos problemas que levaram à desagregação da União Soviética e o fim do sistema socialista no Leste Europeu. A resistência de nações como China, República Democrática e Popular da Coreia, Vietnã e Cuba, somadas às experiências que apontam para o socialismo na Venezuela, Bolívia e outras, e o recente papel da Rússia como contraponto ao imperialismo sinalizam por si as dificuldades de sustentação dessa tese. O socialismo vivo nessas experiências, no entanto, não foi suficiente para conter posições recuadas e reformistas que se fortaleceram nos últimos anos nas direções sindicais e de partidos políticos considerados de esquerda.
  As amplas movimentações sociais da primeira década do século XXI ocuparam o lugar da classe operária, desarticulada em razão de seu novo perfil e dos problemas resultantes da condução reformista predominante. A falta de definição quanto aos objetivos acabou extenuando o potencial de luta desses movimentos, todos desaguando no Fórum Social Mundial, que aos poucos perdeu influência.

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