“ Infância no Morro de São Carlos, respirando música Jamelão, Lupicínio Rodrigues, Afonso, Noel Rosa e Ismael Silva. Quase ninguém conhecia Afonso, só quem morava na boca do Morro, ele vendia peixe caranguejo, dava um papelzinho que eu nem entendia direito , pois era criança, só vir entender anos mais tarde que ele , Afonso era um compositor dos mais considerado, aprendi estava ali o tempo todo, logo eu filho de Luiz Gonzaga e Odaleia cantando grandes canções junto com Elisete Cardoso. E as coisas rolando no rádio, gostei muito dessa época. Nessa coisa toda de Marlene Emilinha Gonzagas Lupicínio e Jamelões por ai vai Dircinhas, Adenildes é que minha mãe vivia. Minha mãe era uma mulher da luta com 16 anos já tinha saído de casa, tinha encarado e cantava, era cruner de uma orquestra, maestro Dede gostava muito dela inclusive fez uma música para ela, de repente Gonzagão a conheceu e se apaixonou por ela ficaram juntos e olha eu aqui, estórias são muitas e tal mas o fundamental é que Odaleia dos Santos, noite brasileira morreu de tuberculose batalhando sua vida batalhando por aquilo que queria ser, uma cantora que segundo as pessoas era uma excelente cantora, uma compositora de musicas romântica igual seu filho Gonzaguinha, uma pessoa voluntariosa , teimosa moleque igual a mim no sentido porque acreditava nas coisas eu também sou assim e foi fundo nas coisas e de repente morre de tuberculose. Eu também tive e tá tudo certo. Ela morre mas me deixa na mão de pessoas fabulosas que é dona Dina e Henrico Xavier de Pinheiro , baiano de violão , por isso eu toco violão e não sanfona, meus padrinhos, sou extremamente feliz porque eu tenho dois pais e duas mãe e não porque sou filho de Luiz Gonzaga. E eu tenho paciência , eu acredito nas pessoas não deixei de sonhar e tenho uma paciência danada nas pessoas, Dina e Xavier do violão , eu fiz uma musica par Odaleia , mas fico triste quando canto é uma musica que se mistura com outra quando.
Minha historia é uma história muita bonita um dia de repente saímos do morro de São Carlos e fomos morar próximo a parte da Praça da bandeira lé enfrentamos as enchentes uma vez fiquei com água até a canela fomos morar no Rio Cumprido antes fomos morar na Tijuca e moramos nós três em um quartinho, eu jogava bola em um quarto de cinco por cinco minha mãe adorava essas coisas tanto por isso que eu vi internado em um colégio interno em Pati de Alfelis em uma escola onde só tinha bons elementos eu era uma desses , ai de repente eu fui para a casa de meu pai porque eu quis , dali de repente eu comecei a frequentar uma casa na Tijuca Jacegoi 27, quem me levou foi Ângela Leal , dali fiquei na companhia de Aluízio Porto Carreiro , ali conheci outro meu pai, nesta altura já tenho três pais. Eu conheci Ivan Lins Aldir Blanc Silvio da Siva Junior Mendes, grande poeta amigo de infância do colégio interno, Cesar Costa filho fizemos festivais ganhei com a música “Diz que vai virar”com acompanhamento de Dominguinhos na sanfona por volta de 68 mais o menos, venci o 2º festival universitário sou um dos mais vaiados entre os dez com essa musica “Trem” e fizemos um movimento chamado MAU, Movimento Artístico Universitário, fizemos esse movimento para nos proteger, para nos fortalecer e encarar já que não tínhamos espaço para trabalhar sendo assim nós acabamos desembarcando na Som Livre Exportação da rede globo que acabou marcando época e as pessoas acabaram seguindo cada um seu caminho os grupos se desfazem ele continha contradição mas eu aprendi muito, principalmente com Aldir Blanc Mendes figuras que agente tem no coração.
O Trem é uma musica de1969, muito difícil, complexa , uso de ironia que é uma das minhas marcas, sou um gozador, uso ades, felicidades... que vão por ai mas quem quer saber disso naquele tempo que já era 69 que era um período bastante difícil em nossas vidas 68 e 69. Era brabo, venci o festival e ninguém entendia nada, queriam uma música popular que todo mundo entendia e minha música venceu já eleita pelos compositores eu fiquei olhando aquele pessoal vaiando , tinha um cara no meio da plateia gritando xingando, eu me fixei nele fiquei ele estava parecendo um gorila .
Eu sempre fui meio calmo.
Você merece é a marca do meu lp em 73 Comportamento Geral, ela começou e acabou exatamente com um show que fiz estava previsto pra durar 1 mês , não levou nem cinco dias o espetáculo era os últimos dias e não durou nem um dia ia fazer meu show encontrava aviso da censura então ia ver o do Chico, adorava teatro. Naqueles dias havia coerença, agente acreditava nas coisas agente batalhava por isso tínhamos uma série de problemas, eles não queriam mas agente fazia, como faríamos hoje se preciso fosse meu amor, porque agente continua lutando no dia a dia por uma qualidade de vida por um relacionamento melhor entre as pessoas, para acabar com essa desigualdade agente quer cultura básica, agente não entende o que passa pela cabeça das pessoas que fazem censura, tenho muitas musicas vetadas mais foi gravada porque sou do morro de São Carlos.