Cordel: Da poesia à pesquisa

Não há novidade em afirmar que o Brasil é um imenso caldeirão cultural. Sua história, marcada pela presença de múltiplos agentes étnicos, legou ao povo brasileiro (e à humanidade) um tesouro de manifestações artísticas sem igual no planeta. Nossos folguedos, lendas, costumes e artes populares têm a força característica duma gente que, a despeito do desprezo e da perene tentativa de malogro que promovem aqueles que detêm o poder econômico, finca os pés no solo que tem debaixo de si e se arvora aos céus, ramificando e frutificando conforme dita sua própria natureza exuberante.
Um dos lenhosos ramos desta árvore, quase caule, é nossa célebre literatura popular em verso, o Cordel, cujo antecessor europeu teria aqui desembarcado a partir das primeiras caravelas lusitanas que aportaram nosso litoral. Em terras brasileiras, ainda guardando resquícios da cultura medieval, o Cordel se desenvolveria de forma tão fantástica quanto muitas de suas aventuras românticas, porém, com autenticidade tal que jamais seria sequer pendurado em cordões até que alguns estudiosos lhe cunhassem tal denominação em substituição aos nomes que lhe deram seus primeiros leitores: “rumance”, verso, folheto...
Do Nordeste ao Sudeste, das feiras à sala de aula, dos clássicos de Leandro Gomes de Barros às pelejas virtuais dos poetas contemporâneos, o Cordel viveu e ainda vive muitas histórias em sua épica trajetória através dos séculos.
 Eduardo Macedo

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