sexta-feira, 22 de julho de 2011

Os 20 Anos do Jornal INVERTA apresenta: Piza na Fulô

Movimento cultural



"A luta não é um sonho, e somente sonha com a luta quem luta com um sonho, e já não é sonho, é luta" – P.I.Bvila


Vemos no movimento cultural, através de cinema, música, teatro, artes plásticas, poesia, e nas diversas outras formas em que a arte é manifestada, a oportunidade de colocá-la à disposição da classe trabalhadora. Os grandes meios de comunicação e outras instituições a serviço do sistema capitalista roubam do povo oprimido, nas filas, vilas, favelas e periferia a verdade e a possibilidade da construção artística a serviço do desenvolvimento das potencialidades humanas.

Com o objetivo de Inverter esta realidade resolvemos iniciar o Movimento Cultural “Piza na Fulô” tendo como meta utilizar as mais variadas formas de manifestação artística para transformar este quadro, pois acreditamos que a OUSADIA DE LUTAR acarretará na OUSADIA DE VENCER. Mas o que seria a vitória para os proletários? Derrotar o capitalismo e construir o homem novo, a sociedade de novo tipo, sem explorados e sem exploradores, formada por comuns.

O primeiro “Piza na Fulô”, que será realizado em julho de 2011, escolheu como símbolo João Batista do Vale, pensador e defensor do povo, por sua história de vida, sua resistência à cultura de dominação, denunciando e ao mesmo tempo vivenciando através da sua arte, de seu pensamento, todos os tipos de barbárie do capitalismo contra seu povo, e a sua ancestralidade estando diretamente ligada ao continente mais antigo do mundo: a África em sua diáspora brasileira de Maranhão a Minas, do Rio Grande à Bahia.

Sendo assim, João, pensador, denunciou todas as injustiças sociais e a crueldade capitalista e, descalço e desprovido de qualquer mazela de preconceito, cantou magistralmente seu povo.



João Batista do Vale, ou melhor nosso João do Vale, nasceu em Pedreiras Maranhão, no dia 11 de Outubro de 1933. Vale começou a trabalhar muito cedo, e como todo brasileiro pobre da diáspora, teve que ajudar sua família, ainda com 14 anos saiu de casa. O carcará percorreu o Brasil, foi para São Luiz do Maranhão, onde compôs versos para o Bumba Meu Boi. Trabalhou como ajudante de caminhão em Teófilo Antônio, MG, antes mesmo de seguir para o Sul do país até chegar ao Rio de Janeiro. Neste estado foi trabalhar na construção civil como pedreiro.

Com essa realidade muito dura, ainda assim João, que era “analfabeto”, quer mostrar suas composições que estão na “cabeça” e não no papel. Então começa a frequentar as rádios.


No Teatro Opinião com Zé Keti.

No início dos anos 60 conhece Zé Keti que o leva para o Zé Cartola, que era o bar de Dona Zica e Cartola reunindo uma série de artistas da época, sendo convidado a participar do Show Opinião, estreando em plena ditadura militar, precisamente em dezembro de 64. Esse fenômeno inigualável chamado João do Vale, pensador do povo, o poeta que contou sua história assim como a de sua gente em versos, jamais será esquecido por seus iguais. Assim como João do Vale temos outros grandes nomes que marcaram a história da arte popular, tais como Solano Trindade, Zé Keti, Augusto Boal, Luiz Gonzaga Junior, Johnny Alf, Victor Jara, Taiguara, entre outros.



Como as mazelas do povo pobre que João começou cantando na década de 60 até os últimos dias de sua vida se mantêm até hoje em pleno século XXI, precisamos continuar a cantar e viver revolucionariamente os pensamentos políticos e poéticos de João do Vale.

O Jornal INVERTA, João do Vale e o Piza na Fulô


Pessoas da esquerda para a direita: Fagner, Chico Buarque, Zé Ramalho e João do Valé


A luta por melhores condições de vida para o nosso povo, por uma sociedade sem desigualdades sociais, por uma arte do povo para o povo, sem preconceito e realmente livre são algumas das características em comum entre João e o INVERTA. Outra semelhança entre os dois é a Baixada Fluminense, em especial Nova Iguaçu, pois foi em Rosa dos Ventos, Comendador Soares, que João abrigou sua família durante a ditadura militar, onde também recebeu grandes amigos como Chico Buarque, Fagner, Miúcha, Edu Lobo e o próprio INVERTA que o entrevistou. A residência histórica, mantida por seus familiares, é ainda hoje um ponto de resistência. Já Boa Esperança, em Miguel Couto, é o local onde foram produzidas as primeiras edições do Jornal INVERTA, em 1991.
João do Vale com Tom Jobim.


O “Piza no Fulô” surge num momento de grande desafio para humanidade que, além de ter que encontrar soluções para as desigualdades sociais, tem que frear o deterioramento do Planeta Terra feito pelo modo de produção capitalista, em crise.

O “Piza no Fulô” é um espaço onde aqueles que pensam, produzem e “consumem” a arte encontrarão as condições para curtir, conspirar, trocar ideias, formular, apresentar e contribuir com o pensamento e a ação na arte e na cultura, considerando suas várias formas de manifestações tanto de nosso país como de outras nações.

Os 20 anos do Jornal INVERTA

Ao longo dos 20 anos do Jornal INVERTA, a arte revolucionária sempre teve um papel importantíssimo em suas páginas. Entre as mais bonitas, está a matéria sobre João do Vale, a qual foi escrita pela camarada Sueli Dantas (que saudade!!!!). O cantor Taiguara também teve uma matéria de destaque no primeiro número do Jornal INVERTA. Foram inúmeros os nomes que passaram pelo INVERTA até chegarmos aos dias atuais como Farofa Carioca (com Seu Jorge), B. Negão, Mc Faca e Nação Zumbi, eleita uma das maiores bandas do mundo.

Enfim, até Festival de Jazz não escapou do Jornal e sua preocupação maior foi justamente com aqueles que nunca tiveram espaço na mídia burguesa, mas que para nós sempre terão um papel de extrema importância na verdadeira arte do nosso povo.

É por isso que João do Vale, o nosso carcará, o nosso “Piza na Fulô” é a minha, a sua, a nossa história que sempre será lembrada, contada e cantada.

Diante do exposto, convidamos todos a participarem de nosso “Piza na Fulô”, em que faremos arte comprometida com a transformação; diálogo descontraído em um ambiente acolhedor e aconchegante com música acústica, onde pode-se também ler um bom livro e adquirir rica literatura que alimenta a mente, assim como apreciar uma comida saborosa regada a bebidas brasileiríssimas.

22 de julho de 2011

PRÓXIMO “PIZA NA FULÔ”: Homenagem ao nosso querido Gonzaguinha

2 de Setembro de 2011
Rua Regente Fejó 49, 2º andar
A partir das 18h

4 comentários:

  1. Sem palavras para comentar o que foi o primeiro Piza na Fulô

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  2. Lindo!!!

    O Comitê de Luta Contra o Neoliberalismo - Ceará saúda o Piza na Fulô, como autêntica representação da cultura popular!!!

    Parabéns aos camaradas!!!

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